quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Martinho Lutero - 1483-1546

A biografia que passaremos a estudar, sobre alguns destes Pais da Igreja, é um resumo daquilo que realmente viveram em suas épocas. Que possamos tomar o exemplo de fé, amor pelas almas e ousadia destes homens; e saber que na época em que vivemos hoje, ainda podemos ser “Heróis da Fé”. Possamos através da graça de Deus, pagar o preço que nos é proposto, a fim de manter a Igreja edificada, a defesa do Evangelho e a luta contra todo espírito que queira corromper as doutrinas da infalível Palavra de Deus. Que o Senhor vos abençoe!

Introdução

Há 478 anos, no dia 31 de outubro de 1519, Martinho Lutero fixou suas famosas teses (total de 95) contra a venda de indulgências, na porta da Igreja Católica do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, contrariando os interesses teológicos e, principalmente, econômicos da Igreja Católica. O impacto foi tamanho, que se comemora nessa data o início da Reforma Protestante.

Lutero não foi, como alguns pensam, o fundador de uma nova religião, o protestantismo. A Reforma Protestante, da qual foi impulsionador, foi além do movimento da libertação nacional, que resultou na formação de igrejas nacionais entre os anos de1517 a 1563. Foi, sem dúvida, o grande precursor da liberdade religiosa atual e quem mais contribuiu para um retorno do cristianismo às Escrituras. Para não admitir suas falhas, são diversas as acusações da Igreja Católica a Lutero, de louco a rebelde orgulhoso.

A preparação para a Reforma

No decorrer dos séculos, desde os tempos de Cristo, tem havido um desvio daquilo que Jesus ensinou. Sempre se levantaram vozes em defesa da pureza do Evangelho. Apesar do zelo, sempre existiram aqueles que se desviavam, trazendo para dentro da Igreja práticas de outras religiões. Esses desvios, a princípio em número reduzido, foram aumentando a ponto de paganizar a Igreja, transformando-a no que conhecemos hoje por Igreja Católica.

No começo, foi apenas a inclusão da hierarquia onde o papa era o líder supremo; depois vieram o batismo para a salvação, a adoração de santos, e outros, atingindo um patamar tal, que por volta do século XIV, a Igreja Católica estava completamente envolvida no paganismo. Daí a salvação passou a ser comercializada como qualquer outro objeto.

Enquanto o cristianismo romano se paganizava, muitas pessoas às quais o nome 'cristão' fora negado, lutavam para que a Igreja retornasse aos princípios do Novo Testamento. Entretanto, ela já havia se institucionalizado, e esses reformadores passaram a ser acusados de hereges. Geralmente eram expulsos de suas congregações e perseguidos, pagando, muitas vezes com a vida, pelo zelo cristão.

Até o século XIV, os protestos dessas pessoas foram abafados; porém com o advento de uma nova mentalidade, que deu origem às transformações políticas, sociais, científicas, literárias e mais, foram sendo notados. Naquele período, as grandes descobertas marítimas, a invenção da imprensa, a descoberta do maravilhoso mundo clássico da literatura e arte, até então perdidos, produziram um despertar da natureza humana, que se processou de forma intensa e geral. Esse período ficou conhecido como Renascença, movimento que produziu a energia necessária para a revolução religiosa que se daria no século XVI.

O grande nome dessa revolução religiosa foi Martinho Lutero, monge agostiniano. que, revoltado contra a venda de indulgências, levantou a bandeira da liberdade religiosa frente à corrompida Igreja Católica.

Peregrinação espiritual

Lutero nasceu em 1483, em Eisleben, Alemanha, onde seu pai, de origem camponesa, trabalhava em minas. A sua infância não foi feliz. Seus pais eram extremamente severos. Durante toda a sua vida foi prisioneiro de períodos de depressão e angústia profunda, quando aspirava pela salvação de sua alma.

Em 1505, antes de completar 22 anos, ingressou - contra a vontade de seu pai, que sonhava com a carreira de advogado para ele - no mosteiro Agostinho de Erfurt. Dos motivos que o levaram a tal passo, esse acontecimento foi decisivo: duas semanas antes, quando sobremaneira o temor da morte e do inferno o afligia, prometeu a santa Ana caso se salvasse se tornaria um monge. Portanto, a razão principal, foi o seu interesse pela própria salvação.

Ingressou no mosteiro como filho fiel da Igreja no propósito de utilizar os meios de salvação que ela lhe oferecia e dos quais o mais seguro lhe parecia o monástico. Acreditava que, sendo um sacerdote, as boas obras e a confissão seriam as respostas para suas necessidades, almejadas desde a infância. Mas não bastava.

Embora tentasse ser um monge perfeito - repentinamente castigava seu corpo, a conselho de seu superior - tinha consciência de sua pecaminosidade e cada vez, por isso, tratava de sobrepor-se a ela. Porém, quanto mais lutava contra esse sentimento, mais se apercebia de que o pecado era muito mais poderoso do que ele.

Frente a essa situação desesperadora, o seu conselheiro espiritual recomendou que lesse as obras dos místicos, mas não adiantou; então, foi proposto que se preparasse para dirigir cursos sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg.

A grande descoberta

É certo que, quando se viu obrigado a preparar conferências sobre a Bíblia, Lutero começou a ver nelas uma possível resposta para suas angústias. Em 1513, começou a dar aulas sobre Salmos, os quais interpretava cristologicamente. Neles, era Cristo quem falava. E assim, viu Cristo passando pelas angústias semelhantes às que passava. Esse foi o princípio de sua grande descoberta, que aconteceu provavelmente em 1515, quando começou a dar conferências sobre a Epístola aos Romanos. Lutero confessou que encontrou resposta para as suas dificuldades, no primeiro capítulo dessa Epístola.

Essa resposta, no entanto, não veio facilmente. Não ocorreu de um dia para outro. A grande descoberta foi precedida por uma grande luta e uma amarga angústia. O texto básico é Romanos 1.17, no qual é dito que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus, e era precisamente essa justiça que Lutero não podia tolerar e dizia que odiava a frase 'justiça de Deus'. Nela, esteve meditando dia e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que diz 'a justiça de Deus se revela no evangelho', e conclui dizendo que 'o justo viverá pela fé'.

O protesto

A resposta foi surpreendente. Lutero concluiu que a justiça de Deus, em Romanos 1.17. não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores, mas ao fato de que a justiça do justo não é obra sua, mas dom de Deus. Portanto, a justiça de Deus só tem quem vive pela fé: não porque seja em si mesmo justo ou porque Deus lhe dê esse dom, mas por causa da misericórdia de Deus que, gratuitamente, justifica o pecador desde que este creia.

A partir dessa descoberta, a justiça de Deus não passou mais a ser odiada; agora, ela tornou-se em uma frase doce para sua vida. Em conseqüência as Escrituras passaram a ter um novo sentido para ele. Inconformado com a Igreja Católica, Lutero compôs algumas teses, que deveriam servir como base para um debate acadêmico.

Naquele período, teve início, por ordem do papa Leão X, a venda de indulgências por Tetzel, através da qual o portador tinha a garantia de sua salvação. Não concordando com a exploração de seus compatriotas, Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja (local utilizado para colocar informações da universidade) do Castelo de Wittenberg.

As teses foram escritas acaloradamente com sentimento de indignação profunda, mas com todo o respaldo Bíblico. E além do mais. ao atacar a venda de indulgências, colocava em perigo os projetos dos exploradores, dentre eles, a ganância do papa Leão X em arrecadar dinheiro suficiente para terminar a construção da Basílica de São Pedro. Os impressos despertaram o povo e produziram um sentimento de patriotismo, o que facilitou a Reforma na Alemanha.

A importância de Lutero para o protestantismo moderno não deve ser esquecida. Foi ele quem teve mais sucesso na investida contra Roma. Foi ele o grande bandeirante da volta às Escrituras como regra de fé e prática. Foi um dos poucos homens que alterou profundamente a História do mundo. Através do seu exemplo, outras pessoas seguiram o caminho da Reforma em seus próprios países, e em poucos anos quase toda a Europa havia sido varrida pelos ventos reformadores.

Lutero foi responsável por três pontos básicos do protestantismo atual: a supremacia das Escrituras sobre a tradição; a supremacia da fé sobre as obras; e a supremacia do sacerdócio de cada cristão sobre o sacerdócio exclusivo de um líder. Humanamente falando, deve-se a Lutero um retomo à leitura da Bíblia.

A Contra-Reforma e os jesuítas

Lutero teve de enfrentar o tremendo poderio da Igreja Católica que, imediatamente organizou a Companhia de Jesus (jesuítas) para atacar a Reforma. Vide o juramento dos jesuítas (livro Congregacional de Relatórios, página 3.362) que em resumo, diz: 'Prometo na presença de Deus e da Virgem Maria e de ti meu pai espiritual, superior da Ordem Geral dos Jesuítas... e pelas entranhas da Santíssima Virgem defender a doutrina contra os usurpadores protestantes, liberais e maçons sem hesitar. Prometo e declaro que farei e ensinarei a guerra lenta e secreta contra os hereges... tudo farei para extirpá-los da face da terra, não pouparei idade, nem sexo, nem cor... farei arruinar, extirpar, estrangular e queimar vivo esses hereges. Farei arrancar seus estômagos e o ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de suas crianças contra a parede a fim de extirpar a raça.

Quando não puder fazer isso publicamente usarei o veneno, a corda de estrangular, o laço, o punhal e a bala e chumbo. Com este punhal molhado no meu sangue farei minha rubrica como testemunho! Se eu for falso ou perjuro, podem meus irmãos, os Soldados do Papa cortar mãos e pés, e minha garganta; minha barriga seja aberta e queimada com enxofre e que minha alma seja torturada pelos demônios para sempre no inferno!'

Preocupada em conter o avanço dessas ideias, a igreja Romana iniciou através do Tribunal da Santa Inquisição a perseguição mais infame e sangrenta da história, onde, no caso da França, numa única noite, chamada de 'Noite de São Bartolomeu', três mil protestantes foram assassinados e seus corpos jogados nas ruas francesas, com as bênçãos católicas. Muitos jesuítas, tais quais espiões, levaram os ditos 'hereges' às mais variadas torturas, até a morte. Vozes Proféticas do PassadoPor: Christopher Walker

Não precisamos falar aqui sobre a importância de Lutero como profeta, no sentido de abrir um novo passo para a igreja no plano de Deus, restaurando a firme base de justificação pela fé, sem apoio algum em obras humanas. É bem conhecido também que tinha um 'temperamento profético', e que costumava expor os pecados e erros de pessoas, sistemas eclesiásticos e raças em termos nem um pouco diplomáticos ou conciliadores! Sabemos que nem todos os seus ataques eram uma representação fiel da justa ira de Deus, como quando falava contra anabatistas e judeus, e até os perseguia.

Lutero cria fortemente no poder de Deus através da palavra pregada. A seguir, algumas de suas afirmações sobre a pregação:
'A pregação do evangelho é um meio, como se fosse um tubo, pelo qual o Espírito Santo flui e entra nos nossos corações.'
'A palavra proclamada é o veículo do Espírito Santo.'
'A voz é do ministro, mas meu Deus está falando a palavra que ele prega.'
'O sermão faz parte de uma guerra cósmica pelas vidas das pessoas. É uma espécie de acontecimento apocalíptico, que coloca a vida da pessoa em movimento - ou na direção do céu ou do inferno. Ninguém pode ouvir em fria apatia.'
'Quando elaboro um sermão, elaboro uma antítese. Deus e Satanás estão lutando nas mentes. É a luta entre o Deus que os homens buscam através de razão e especulação humana, e o Deus que se revela na Palavra por meio de Jesus. A razão separada de Deus é a meretriz do diabo.'
'O conteúdo da pregação não deve ser de sutilezas filosóficas, mas a promessa que gera confiança.'
'A pregação do evangelho nada mais é do que Cristo chegando a nós, ou de nós sendo levados a ele.' 'Nada além de Cristo deve ser pregado.'
'A realidade do Deus a quem nos devemos curvar em fé é realmente muito simples.'
'Ninguém deve pensar que é tão sábio ou tão espiritual que pode desprezar ou perder o mais insignificante sermão, pois não sabe qual a hora em que Deus fará sua obra nele.'

A leitura de seus sermões, com certeza, nos fará sentir a unção verdadeira que trazia, tanto em falar fortemente contra a confiança em obras humanas, como em advertir a igreja e a sociedade sobre o juízo vindouro de Deus. A seguir, dois trechos extraídos de suas pregações:
Trecho do Sermão: 'Inimigos da Cruz de Cristo', onde Lutero mostra que os maiores inimigos são aqueles que mais confiam em suas próprias obras.
'Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando que são inimigos da cruz de Cristo' (Fp 3.18).

Parece inacreditável, e eu mesmo não acreditaria nisto nem compreenderia as palavras de Paulo, se não tivesse testemunhado com meus próprios olhos e experimentado pessoalmente. Se o apóstolo repetisse a acusação hoje, quem imaginaria que as pessoas mais nobres entre nós, as mais respeitáveis, piedosas e santas, aquelas que esperaríamos, acima de todas as outras, que aceitassem a Palavra de Deus - que estas pessoas, digo, fossem inimigas da doutrina cristã? Mas os exemplos diante de nós testificam claramente que os 'inimigos' a quem o apóstolo se refere só podem ser os indivíduos conhecidos como dignos e piedosos nobres e príncipes, cidadãos honrados, pessoas cultas, sábias e inteligentes. Pois se estes pudessem devorar, com uma só mordida, aqueles que são conhecidos como 'evangélicos', certamente o fariam.

Se você perguntar: 'De onde tal disposição contrária?', responderei que procede naturalmente da justiça humana. Pois todo indivíduo que professa justiça humana, e não conhece nada de Cristo, mantém a eficácia de suas próprias obras diante de Deus. Ele confia nisto e se satisfaz assim, presumindo desta forma apresentar uma aparência louvável aos olhos de Deus e tornar-se especialmente aceitável a ele. Deixando de ser soberbo e arrogante para com Deus, passa a rejeitar aqueles que não são justos segundo a lei, conforme ilustrado no exemplo do fariseu (Lc 18.11,12). Entretanto, maior se torna sua aversão e mais amarga sua ira em relação à pregação que ousa censurar a justiça que vem pela lei e que afirma sua inutilidade para obter a graça de Deus e a vida eterna.

Eu mesmo, e outros comigo, éramos dominados por tais sentimentos quando, sob a igreja de Roma, afirmávamos ser santos e piedosos. Se, há trinta anos, quando eu era um monge devoto e santo, celebrando a missa todos os dias e sem pensar outra coisa, senão que estava no caminho direto para o céu - se naquela época alguém me houvesse acusado - se houvesse pregado este texto e declarado que nossa justiça (que nem era estritamente de acordo com a lei de Deus e, sim, conforme a doutrina humana...) era ineficaz e que eu era um inimigo da cruz de Cristo, servindo aos meus próprios apetites sensuais - eu imediatamente teria pelo menos ajudado a encontrar pedras para levar à morte tal Estêvão ou a ajuntar lenha para queimar este tão blasfemo herege.

Assim sempre age a natureza humana. O mundo não pode se comportar de outra forma, quando vem a declaração do céu, dizendo: 'É verdade, você é um homem santo, um grande e erudito jurista, um regente de caráter, um príncipe digno, um cidadão honrado, e assim por diante - mas com toda sua autoridade e seu caráter reto você vai para o inferno; cada um de seus atos é ofensivo e condenado aos olhos de Deus. Se quiser ser salvo, precisa ser uma pessoa totalmente diferente; sua mente e seu coração precisam ser transformados.' Anuncie isso e o fogo se acende... pois os justos por obras próprias consideram uma idéia intolerável que vidas tão exemplares, tão dedicadas a vocações louváveis, sejam publicamente censuradas e condenadas pela pregação desagradável de um pequeno número de indivíduos insignificantes...Trecho do Sermão: 'Profecia da Destruição de Jerusalém' Lutero aqui aplica a profecia sobre a destruição de Jerusalém à situação da Alemanha, que estava com uma revolta de camponeses, onde cem mil pessoas já haviam morrido.

Há dois métodos de pregação contra aqueles que desprezam a Palavra de Deus. O primeiro é através de ameaças, como quando Cristo falou com as cidades que não se arrependeram: 'Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!...' (Mt 11.21-24). Com isto, ele desejou chocá-las e trazê-las à realidade, para que não lançassem aos ventos as palavras que Deus lhes enviou.

O outro método é o que o Senhor usa em Lucas 19.41-44, onde chora e demonstra sua compaixão pelo pobre povo cego; aqui, ele os repreende e adverte, não como se fossem cegos obstinados e endurecidos, mas, derretendo-se em amor e compaixão por seus inimigos; junto com clamores e um profundo pesar que partia seu coração, ele revela o que lhes havia de suceder e que tanto queria impedir - porém, não podia! (...)

Primeiro, enquanto aproximava-se da cidade, o povo ia adiante e atrás dele com cânticos de grande alegria, dizendo: 'Hosana ao Filho de Davi!' Estendiam suas vestes pelo caminho e cortavam galhos das árvores, espalhando-os diante dele. Era uma cena muito gloriosa. Porém, no meio de todo este júbilo, ele começa a chorar. Deixou o mundo todo celebrar com regozijo, enquanto ele próprio se encurvava com pesar e tristeza. Contemplando a cidade, ele disse: 'Ah! Se conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos' (Lc 19.41). (...)

É como se dissesse à Jerusalém: 'Aqui está, solidamente edificada, com homens fortes e valorosos no seu interior, que, sentindo-se seguros e contentes, pensam que não há perigo. Entretanto, em mais quarenta anos será totalmente destruída'. Isto ele disse claramente em Lucas 19.43,44: 'Teus inimigos te cercarão de trincheiras... e te arrasarão... Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação'.

Mas os judeus foram obstinados e dependiam das promessas de Deus, que pensavam significar simplesmente que permaneceriam para sempre. Eram seguros e pensavam inutilmente: 'Deus não faria tal coisa a nós. Temos o templo; aqui o próprio Deus habita; além disso, temos homens valorosos, dinheiro e tesouros suficientes para desafiar todos nossos inimigos!' (...) Assim, confiavam em sua própria glória e edificavam sua confiança numa falsa ilusão, que no fim os enganou. (...)

Assim os judeus foram espalhados pelo mundo inteiro e desprezados como o povo mais vil sobre a face da terra... sem uma cidade ou país próprios... Desta forma, Deus vingou a morte de Cristo e de todos seus profetas, porque não reconheceram o dia da sua visitação.

Aqui devemos aprender uma lição, pois isto afeta a todos nós, não só aos que estão aqui presentes, mas a todo o país da Alemanha. (...) Deus também nos visitou agora e abriu os preciosos tesouros do seu santo evangelho para nós, pelos quais podemos aprender a vontade de Deus e ver como éramos dominados pelo poder do diabo. Entretanto, ninguém acredita seriamente nisto, antes, ainda mais o desprezamos e o tratamos levianamente. (...)

Deveríamos perceber que Deus está permitindo o nosso endurecimento. (...) Receio que o tempo virá quando a Alemanha será um montão de ruínas. Os ventos do mal já começaram a trazer destruição através da nossa guerra de camponeses. Já perdemos muitas pessoas. Quase cem mil homens, só entre a Páscoa e o Pentecostes! É uma obra terrível que Deus tem feito, e temo que não parará aí. Este foi apenas um prenúncio, uma advertência, para nos assustar a fim de que pudéssemos nos preparar para a angústia vindoura. (...)

Mas permitimos que um dia após outro passe, um ano depois do outro, e fazemos menos ainda que antes. Ninguém ora agora, ninguém está em apuros. Quando o tempo tiver passado, orações não terão mais eficácia. Não levamos a sério, achamos que estamos seguros; não vemos a horrível calamidade que já começou e não percebemos que Deus nos pune de forma tão severa através de falsos profetas e seitas, que estão por toda parte e que pregam com tanta segurança como se fossem a própria encarnação do Espírito Santo.

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