quarta-feira, 11 de junho de 2008

Predestinação - Conforme a Bíblia

A partir desta matéria, iniciaremos uma série de matérias com temas, geralmente, duvidosos e costumeiramente discutidos entre aqueles que se preocupam com suas vidas espirituais. Faremos uma reflexãoa sobre temas, como: A Predestinação, A Arca de Noé, A Bênção do Dízimo, A Cor Negra, A Origem da Palavra Lucifer, A Oração de Josué e inúmeros outros assuntos polêmicos que nos rodeiam. Traremos a verdade através da Palavra de Deus. Aproveite bem a leitura!

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"Na sua onisciência, Deus predestina­ria um número exato de pessoas para ser condenado e outro para descansar eternamente? Teria cada homem seu destino traçado?". Acreditamos que Deus, na sua onis­ciência, por meio de leis científicas e matemáticas, sabe quantos vão vencer a bata­lha da fé e terminar triunfantes na eterna glória, porém, isso nada tem a ver com a predestinação fatalista: Jo 17.5.
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No que tange à predestinação, ela se baseia, em essência, no "conhecimento anterior" de Deus, no sentido de que o seu "amor eterno" e preocupação e interesse pelos crentes é que está em foco. Aqueles sobre quem fixou seu coração de antemão, portanto, são aqueles que se tornaram o alvo de seu decreto determinador.
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Esse decreto determinador não é um mero pronunciamento judicial, mas é, sem dúvida, acompanhado por um poder orien­tador e criador, através do Espírito Santo, que garante o cumprimento do propósito de Deus. O grande alvo da predestinação é a chamada dos crentes dentro do tempo, e o resultado de ambas as coisas é a transfor­mação do crente segundo a imagem de Cristo, tanto moral (no que tange à partici­pação do crente na própria santidade de Deus, tal como Cristo dela participa), como metafísica (no que convence a natu­reza essencial de Cristo).
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Não existe, portanto, predestinação para a condenação. Por exemplo: O caso do endurecimento do coração de Faraó, por dez vezes consecutivas, a Bíblia diz que ele mesmo se endureceu contra a ordem de Deus (Êx 7.13; 8.15,19,32; 9.7,34,35; 13.15; 14.22), e dez vezes lemos que Deus o endu­receu: Êx 4.21; 7.3; 9.12; 10.20,27; 11.10; 14.4,8,17.
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Theodoret assim explica o caso: "O sol, pelo seu calor, torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um, amolecendo outro, produzindo pela mesma ação resultados contrários. Assim a longanimidade de Deus faz bem a alguns e mal a outros; al­guns são amolecidos e outros endurecidos". Contudo, cremos que esse amolecimento ou esse endurecimento vêm daquilo que o homem apresenta a Deus: um coração contrito, ou orgulhoso.
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Deus não endurece o coração de um in­divíduo, necessariamente com uma inter­venção sobrenatural; o endurecimento pode ser produzido pelas experiências nor­mais da vida, operando através dos princí­pios e do caráter da natureza humana, que são determinados por Ele. Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo se­melhante desta forma hebraica de pensa­mento encontra-se em Marcos 4.12, onde Jesus apresenta sua razão para ensinar a verdade sob a forma de parábola.
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Em outras palavras, apesar de a Bíblia declarar que Deus predestina para a vida, para a transformação segundo a imagem de Cristo e para a santidade, isso não quer dizer que Ele predestine algumas pessoas para a condenação conforme os teólogos calvinistas mais radicais têm imaginado. Deus predestina segundo a sua presciência: 1 Pe 1.2.
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As Escrituras denominam tão-somente os crentes de eleitos, chamados, escolhidos e predestinados, mas sempre relacionados com a sua posição em Cristo, como as varas na videira. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17); "Todo aquele que crer em Jesus, e pela fé permanece nele tem a vida eterna e não entrará em condenação", Jo 15; Rm 8.28-30.
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O fatalismo e a predestinação absoluta nunca fizeram parte da doutrina e tradição apostólica, e são comuns às seitas heréti­cas que se consideram favoritas da divin­dade e responsáveis pelo desinteresse, frus­tração e miséria de muitos indivíduos, po­vos e igrejas.
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Analisando a idéia do destino na lin­guagem popular, vemos que significa uma forma sobrenatural, indomável e irresistí­vel, da qual não podemos fugir e que limita a nossa liberdade e vontade. Por ser uma maneira muito cômoda de pensar e de agir, é ela perfilhada por várias religiões e filosofias (fatalismo) e até por confissões religiosas (predestinação abso­luta), mas sem base no ensino das Sagra­das Escrituras.
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Desde épocas imemoriais o homem tem tido o hábito de acumular na lembrança, através da sua agitada existência, peque­nos fracassos, desventuras e fatalidades, e com elas construiu um monstro a que deu o nome de "destino", que compreende como uma determinação imutável, esquecendo as inúmeras bênçãos, vantagens e vitórias alcançadas sobre a adversidade.
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Sendo o destino o fim para que tende qualquer ação, o lugar a que se dirige a pessoa ou objetivo em causa, está ele sujei­to às leis espirituais e materiais que regem o universo. Assim, a vida é composta de bons e maus sucessos, em conformidade com o tempo, o local, o ambiente, a experiência e a atitude do indivíduo em relação a esses elementos. Cada homem tem, pois, que procurar, na prática de uma boa consciên­cia, o caminho da verdade e do dever, sejam quais forem as conseqüências da sua determinação.
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Está escrito na Bíblia que só Deus é realmente bom, não pode ser melhor do que é visto ser a personificação do Amor: Lc 18.19; 1 Jo 4.8. Como pessoa livre, per­feita e justa, criou o homem à Sua imagem e tornou-se o alvo de toda a dedicação: Gn 1.26,27; Sl 8. Como podia Deus fazer acep­ção dentre as suas criaturas e determinar-lhes destinos diferentes, senão aqueles que eles próprios como seres livres e feitos a se­melhança da mesma divindade, desejarem de "motu próprio" trilhar? Rm 2.11-16; 10.12-17.
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Deus não apenas seria imperfeito, mas também a encarnação da matéria e malda­de, se nos induzisse a acreditar no Evangelho para nossa salvação, quando afinal já determinara que nos havíamos de perder ou salvar. Portanto, nenhum homem, grupo ou organização tem privilégios diante de Deus, a não ser aquele que aceita Jesus como Salvador. Porque Deus não faz acep­ção de pessoas, e muito menos predetermi­na, para certos grupos, um juízo, um desti­no cruel na eternidade. Sobre o assunto a Bíblia diz: "Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio mas em que o ímpio se converta do seu ca­minho, e viva: convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis?" (Ez 33.11a) "Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais" (Jr 29.11).

ALMEIDA, de Abraão et al. A Bíblia Responde. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1983.

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